Ânsia de bajular - Olavo de Carvalho - http://www.dcomercio.com.br/materia.aspx?id=56476&canal=1
A alta cultura desapareceu do País, ao ponto de já ninguém ser culto o bastante para dar pela sua falta, quanto mais para enxergar algo de grave nesse fenômeno
Neste país, a ânsia de bajular é uma paixão avassaladora, inebriante, incontrolável. Sobretudo nos dias que se seguem à revelação do nome de um novo mandatário, ela bloqueia por toda parte o uso das faculdades racionais, rompe as comportas do mais elementar senso da realidade, dando vazão a arrebatamentos de entusiasmo laudatório que raiam a idolatria e a psicose.
Ninguém, nem entre os melhores, escapa à sua contaminação pestífera e obsediante.
Em artigo recente, o sr. Paulo Rabello de Castro, que num Fórum da Liberdade em Porto Alegre me foi um dia apresentado como uma das mais belas esperanças do pensamento liberal-conservador no Brasil, festeja a vitória de Dilma Rousseff em termos que fariam corar de inibição os mais maduros e circunspectos cabos eleitorais do PT.
Não contente de enxergar méritos inigualáveis na carreira de terrorista daquela senhora incapaz de completar uma frase com sujeito e objeto ou de recordar o título de um só livro que tenha lido, o fundador do Instituto Atlântico explode também em louvores ao antecessor da referida, ao qual ele denomina "um gigante", "provavelmente o maior dos nossos presidentes", e a quem atribui a glória de haver devolvido aos brasileiros o orgulho da nacionalidade.
Como se não bastasse, ele estende seus aplausos a toda a "geração de 68" por nos ter dado figuras estelares como José Dirceu e Franklin Martins, sem as quais, digo eu, nossa História não teria sido embelezada por episódios honrosos como o mensalão e o projeto de controle estatal da mídia.
Enquanto essas efusões de amor febril aos vitoriosos do dia são publicadas no site do Instituto Millenium, entidade nominalmente destinada a combater tudo aquilo que o establishment petista representa, alguns fatos notórios podem dar uma idéia dos motivos de orgulho que inflamam a alma nacional.
O Brasil está em 73º. lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, abaixo do Peru, do Panamá, do México, da Costa Rica e de Trinidad e Tobago.
Segundo dados da mesma ONU, entre quarenta e cinquenta mil brasileiros continuam sendo assassinados por ano (o equivalente a duas guerras do Iraque), fazendo deste país um dos lugares do universo onde é mais perigoso cometer a imprudência de andar nas ruas ou, pior ainda, a de ficar em casa.
O Brasil é o único país da América Latina onde o consumo de tóxicos está aumentando em vez de diminuir.
Nossos estudantes continuam tirando persistentemente os últimos lugares em todos os testes internacionais de aproveitamento escolar.
A universidade que a mídia unânime proclama ser a melhor do Brasil, a USP, ficou em 210º. lugar no ranking das instituições universitárias calculado pelo London Times. Há várias décadas o Brasil não tem um único escritor que se possa comparar aos dos anos 60 ou 70, exceto os nonagenários e centenários que sobraram daquela época. A alta cultura simplesmente desapareceu deste país, ao ponto de já ninguém ser culto o bastante para dar pela sua falta, quanto mais para enxergar algo de grave nesse fenômeno, inédito mesmo em nações paupérrimas.
Os índices de corrupção cresceram mais durante o governo Lula (inclusive no ministério de Dona Dilma) do que ao longo de toda a nossa História anterior, tornando, por exemplo, o uso eleitoral da máquina administrativa do Estado um direito consuetudinário contra o qual é inútil protestar.
Que motivo de orgulho sobra para ser louvado pelo sr. Paulo Rabello? A recuperação econômica, é claro. Mas, descontado o fato de que o índice de crescimento reconquistado não passa de 4,6 por cento – um terço do que chegou a alcançar no período militar –, ainda resta uma diferença moral substantiva: no tempo dos militares o presidente Médici ainda tinha a hombridade de reconhecer que "a economia vai bem, mas o povo vai mal", ao passo que hoje não só o governo, mas também os seus bajuladores "de oposição" pretendem que festejemos como conquista suprema e valor absoluto um mero crescimento econômico menor que o obtido naquelas décadas e nos inebriemos de orgulho financeiro no meio da matança, do sofrimento, do fracasso e da degradação intelectual e moral mais abjeta e constrangedora que já se viu em qualquer país do mundo.
No mínimo, no mínimo, o julgamento que o sr. Paulo Rabello faz da era Lula reflete uma obsessão dinheirista que nada enxerga além de cifrões, que reduz o progresso da civilização a uma questão contábil e, ao ver que a coluna do "haver" supera a do "deve", se torna insensível para a destruição de tudo o mais que constitui a substância, o valor e a dignidade da vida humana.
Será que ao celebrar O Poder das Idéias, como no lançamento recente de uma coletânea de Ludwig von Mises à qual o Instituto Millenium deu esse título, nossos liberais e conservadores não estão se referindo ao poder que as idéias do inimigo têm sobre os cérebros deles?
O que nos espera amanhã? - http://brasilacimadetudo.lpchat.com/index.php?option=com_content&task=view&id=9893&Itemid=1 - Gelio Fregapani (*)
Situações preocupantes
Temos juntos analisado o perigo da secessão das áreas indígenas criadas pelas ONGs estrangeiras. É conhecida sua formação, inicialmente inspirada pelo Reino Unido sobre jazidas minerais, para evitar a nossa ocupação e exploração; depois sua ampliação e multiplicação manipulada pelos EUA visando garantir o suprimento de minérios estratégicos quando seus dólares sem lastro não mais pudessem comprá-los. Já é bem conhecida a “Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas”, que na prática já assegura a independência das ditas áreas indígenas e a fraqueza do nosso governo ao enfrentar essa ameaça a nossa integridade territorial.
Acrescentando a ameaça de apoiar a secessão das “nações” indígenas (diga-se tomada das jazidas de minérios estratégicos) agora vem à luz a ameaça às reservas petrolíferas do pré-sal, cada vez mais clara através da OTAN, que pretende estender sua atuação ao Atlântico Sul. A ampliação atuação da OTAN à regiões distantes do Atlântico Norte, como o Afeganistão tem sido liderada pelos EUA.
Só um motivo pode haver para a expansão da OTAN sobre o Atlântico Sul: a ambição de controlar o petróleo do pré-sal. Assinale-se que os EUA não ratificaram a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 1982. Tecnicamente, isso os desobriga de respeitar os direitos brasileiros sobre a plataforma continental. Certamente entraremos em um campo de divergências, já que o nosso governo sabiamente rejeita a atuação da OTAN no Atlântico Sul. (As informações são do jornal O Estado de S.Paulo). O que podemos esperar do futuro?
Previsão científica do futuro (método “Delphos”)
Numa era de incertezas, com a ânsia de prever (e influir) nos acontecimentos, uma vez passado o tempo das profecias e oráculos, admite-se que o conhecimento da situação, das circunstâncias e da evolução provável pode embasar a tomada correta de decisões estratégicas. Em tempos modernos se considera que muitas vezes é possível prever acontecimentos, baseando-se em técnicas denominadas “Previsões Científicas Clássicas. Destacamos entre as técnicas, ou “Leis da Previsão”:
A da Inércia: Uma tendência costuma se prolongar. O modo que vinha evoluindo no passado até o presente, se não houver um fato novo, continuará evoluindo da mesma forma no futuro próximo.
A da Analogia: Ou seja, a identificação do caso atual com casos já ocorridos. Os resultados tendem a ser semelhantes.
A da Causas e efeitos: Causas semelhantes costumam ter efeitos semelhantes.
A do Pressagio: Uma sensação ou premonição de acontecimento futuro, que se sente, mas desconhecemos argumentos sólidos que possam confirmar.
- O moderno estudo dos cenários alternativos acrescentou os “fatores e agentes portadores do futuro”, isto é, os que podem alterar o cenário previsível, criando diversos cenários de acordo com o que possa acontecer, ou que possa ser provocado intencionalmente.
Dentro deste raciocínio podemos constatar:
Pela lei da Inércia – Os povos imperialistas continuarão com a tendência a tomar as riquezas dos demais, pelo comércio ou pela força.
Pela lei da Analogia – A crise financeira mundial apresenta alguma analogia com a Grande Depressão de 1929.
Pela lei da Causa e Efeito – Riquezas e recursos naturais com debilidade militar atraem ambições e guerras.
Pela lei do Pressagio – Muitos analistas sentem que algo está para acontecer, talvez envolvendo conflitos armados.
Condições para haver conflitos (“Teoria Geral dos conflitos” – ESG)
Entre as principais condições, destacamos:
1) Existência de divergências intoleráveis e/ou possibilidade de ganhos significativos pelo uso da força por um lado ou ainda necessidade para a própria sobrevivência para uma das facções.
2) A existência de forças capazes de iniciar a ação e de oponentes com alguma capacidade de reação. Quando é muito pequena a capacidade de reação o conflito toma a forma de uma punição, e quando a capacidade de reação é significativa, o conflito pode até ser evitado (ou a agressão dissuadida) pela certeza do revide (ou retaliação),
-Evidencia-se que, na atual conjuntura, estão presentes todas as condições para haver conflitos, muitos envolvendo o nosso País: a necessidade de petróleo e de minérios estratégicos dos EUA se torna uma questão de sobrevivência na medida em que a moeda deles (o dólar) não mais seja aceita; evidencia-se a possibilidade de ganhos significativos pelo uso de força militar, e a nossa pequena capacidade de reação militar é insuficiente para inibir até mesmo as potências médias, quanto mais aos poderosos EUA. Muito menos ainda a um conluio anglo-holandês-americano como esse que se apresenta respaldado pelos demais membros da OTAN.
Ainda que em passado recente tenha havido ações militares unilaterais anglo-americanas sem o respaldo da ONU (Segunda guerra do Iraque), sempre que possível procuram algum respaldo jurídico para fazerem o que querem fazer. Agora, se conseguirem, agirão através da OTAN, onde são predominantes.
Conclusões – Lembrai-vos da guerra
Certa vez lembrou Kissinger: “Os povos do primeiro mundo não poderão viver como sempre viveram se não contarem com os recursos naturais do terceiro mundo, e terão que montar um sistema de pressões para os conseguir. Noutra ocasião, o presidente Bush II teria comentado que, na antiguidade, os povos vigorosos se precisassem de água, a tomariam sem se importar a quem pertenciam anteriormente; e que hoje, com o petróleo seria a mesma coisa. O pior é que ele tem razão.
Há pouco mais de um século nossa integridade territorial era garantida por nossos “aliados”, pois a jovem república era inerme e sem força. Como os ingleses eram os grandes beneficiários da borracha e do café, não tinham motivo para desmanchar o ”status quo”, e continham os demais ambiciosos. Agora a situação é outra. Lembremo-nos que a debilidade militar atrai desgraças. Se quisermos para nós os minérios da Amazônia e o petróleo do pré-sal tratemos de os explorar, pois como disse o grande Bismarck, riquezas em posse de povos que não podem ou não querem as explorar, deixam de constituir vantagem e passam a ser um perigo para seus detentores
Que Deus guarde a todos nós,
Gelio Fregapani
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